O filósofo Jean-Jacques Rousseau, em seu primeiro discurso, em 1750, fez uma reflexão em torno da alteração que o meio ambiente sofre por meio da ação humana.
Da época de Rousseau para a atualidade, o ser humano não mudou seu comportamento e está cada vez mais despreocupado em relação à preservação do meio ambiente. Nunca na história da humanidade, precisou tanto de uma mudança de hábitos, de forma a não agravar mais a situação de extermínio da natureza e da própria espécie.
A crise ambiental, em especial com o agravamento do efeito estufa acarretando o aquecimento global, é um dos maiores problemas atualmente. Há que se acrescentar o dano ambiental em face à realidade do desmatamento, destruição da camada de ozônio, chuva ácida, inundações, destruição de habitat. Outro problema crucial que merece atenção é o uso desenfreado das sacolas, garrafas plásticas, grandes vilãs da destruição do meio ambiente. Uma vez que, “um bilhão e meio de sacolas plásticas são consumidas no mundo por dia”. Elaborada a partir de petróleo ou gás natural, recursos naturais não renováveis, depois de usadas, em geral por uma única vez, costumam ser descartadas incorretamente.
Igualmente, é preciso lembrar que o desperdício de água tem como consequências graves problemas ambientais e que “água limpa e abundante depende de sistemas naturais saudáveis”. A questão do desperdício de água, o tema é muito discutido mundialmente. Infelizmente, o Brasil possui taxas altíssimas de desperdício de água, sobretudo quando comparado com outros países do globo.
Exemplos clássicos de desperdício de água nas atividades domésticas tais como lavar calçadas e passeios com água corrente; manter a torneira aberta em diferentes ações; tomar banhos demorados; usar água em atividades de lazer, contaminação das fontes de água por agentes diversos; retirada excessiva de águas subterrâneas, etc.
Enquanto eu escrevia este artigo, deparei com fortes trovões e relâmpagos. Desliguei o computador e fui até a janela. Providencial ida até a janela. Pude observar, sentados na praça o vovô e o neto. Ambos chupavam picolés. O avô termina primeiro e joga ao chão o palito. Depois a criança, termina de degustar o gelado e corre até a lixeira para descartar o lixo. A atitude dos dois levou-me a pensar nas pequenas ações e grande impacto. Com desculpas de levar uma bala para a criança e alertar o avô da chuva que ensaiava cair, fui até lá. E não foi por acaso que encontrei aquele garoto. Segundo ele, aprendeu na escola e com os pais a cuidar direitinho da natureza. De volta para casa, ouço: – A senhora deixou a luz da marquise acessa… ainda é dia.
Seguindo as trilhas deixadas por Pitágoras “educai as crianças e não será preciso punir os homens”. Nessa perspectiva, educar a criança desde cedo sobre a importância de preservar os recursos naturais, certamente possibilitará mudanças positivas para a humanidade e o meio ambiente. Afinal, a educação é uma arma poderosa que podemos usar para mudar o mundo.
Mais do que simplesmente dizer, deve-se ter em mente a importância da Educação Ambiental já nos primeiros anos de escolaridade. Visto que, é aí que se principia o processo de formação da personalidade e o acordar para a cidadania. Há que se acrescentar, a Educação Ambiental deve ser um processo contínuo. Levando o cidadão a se preocupar com o meio ambiente hoje e para as futuras gerações.
Nesta esteira, a Constituição Federal em vigor, em seu artigo 225, além de garantir a todos um meio ambiente ecologicamente equilibrado, também impõe a todos o dever de defendê-lo e preservá-lo às presentes e futuras gerações. Igualmente, está claro no § 1º, Inciso VI do mesmo artigo que é responsabilidade do Poder Público promover a educação ambiental em todos os níveis de ensino e incentivar a conscientização pública para preservar o meio ambiente.
Importa frisar outro importante dispositivo que consagra a educação ambiental, artigo 2º da Lei 9.795/99 que diz ser: “A educação ambiental um componente essencial e permanente na educação nacional, devendo estar presente, de forma articulada, em todos os níveis e modalidades do processo educativo, em caráter formal e não formal”. E, no item X do citado artigo a educação ambiental é vista como ferramenta de capacitação da comunidade para ter participação ativa na defesa do meio ambiente.
Quisera terminar este artigo com uma pergunta: O que você deixou de fazer porque aprendeu na escola que era prejudicial ao meio ambiente?
Maria de Fátima Batista Quadros. Escritora, advogada e membro do Direito na Escola. E-mail: mfatimaquadros@gmail.com