Em um mundo onde as pessoas estão cada vez mais conectadas, difícil não mencionar alguma profissão que ainda não tenha se rendido ao marketing. É possível dizer que os hábitos de consumo e as relações entre clientes e profissionais mudaram muito, e, com a classe da advocacia, a situação não foi diferente. Da chamada advocacia tradicional, ou como alguns preferem carinhosamente apelidá-la de “advocacia raiz”, cada vez mais tem crescido o número de advogados que procuram um bom planejamento de marketing. Se antes, a principal forma de divulgação era o “boca-boca ”ou distribuir um cartão, hoje os cliques e views têm sido uma aliada ferramenta, sobretudo, da jovem advocacia.
Assim, surge o famigerado marketing jurídico, criticado por alguns e adorado por tantos outros. Por muito tempo, a advocacia foi uma área avessa ao marketing, em razão do código de ética que regulamente a profissão. No entanto, as estratégias, principalmente relacionadas ao marketing digital e de produção de conteúdo, mudaram a visão dos advogados sobre este assunto. A matéria da publicidade advocatícia, é um tema tanto quanto recente, se considerarmos a aprovação do uso do marketing pela Ordem dos Advogados que se deu no dia 17 de junho de 2021, através do Provimento nº 205/2021. E, por se tratar de um tema consideravelmente novo, os advogados ainda ficam a mercê de decisões e entendimentos dos comitês de éticas e disciplinas da classe, uma vez que não há uma regulamentação exclusiva direcionada a este assunto, tendo o profissional que se atentar as proibições e permissões. Ainda assim, é plenamente possível desenvolvê-lo sem maiores prejuízos à profissão.
Há quem fale que o referido provimento contem mais proibições que possibilidades, mas de fato esta não é a situação. Existe sim toda uma preocupação para não ir contra o código de ética estabelecido pela OAB. Quando o assunto é o marketing específico para a área, há regras que devem ser observadas de modo que não prejudique a imagem da classe em razão de conteúdo sem relevância ou que não transmitam seriedade. Mas ousa-se dizer, ainda que nós advogados tenhamos que agir com extrema cautela, é possível fazê-lo com uma produção de conteúdo relevante que preserve a dignidade da profissão e assegure a credibilidade do serviço, de modo a firmar relacionamentos com o cliente e fixar sua identidade de marca.
O marketing jurídico não deve ser visto de forma negativa por nossa própria classe, mas, sim o contrário disso. Quando o advogado sabe utilizar das ferramentas que o marketing jurídico nos proporciona, e sendo sempre respeitada nossa elevada função em sociedade e observada as disposições sobre publicidades constantes no Código de Ética e Disciplina da Ordem dos Advogados do Brasil, estes instrumentos podem ser grandes aliados dos profissionais, não só daqueles que produzem o conteúdo, mas como também de terceiros que se beneficiam da informação, favorecendo assim, o mercado de trabalho e colaborando com o acesso à informação da sociedade. Não se pode deixar de reconhecer é a importância do marketing jurídico nesta era em que tudo esta cada vez mais digital.
Em razão dos avanços tecnológicos e por vivermos em uma sociedade cada que se encontra cada vez mais ‘online”, conectada e ativas nas redes sociais, os profissionais que não aderirem às mudanças tendem a não acompanhar o mercado e se tornarem menos competitivos. Uma coisa é certa: o advogado que não está no digital, já estar a margem dos comuns, pois à medida que você aumenta a sua presença digital e se distingue neste mercado jurídico, por muitas vezes considerado como saturado, é possível destacar e fortalecer a sua advocacia da concorrência.
Gabriela Sarah – Advogada Cível, Pós-Graduada em Direito Civil e Processo Civil pela PUC/MG. Pós Graduanda em Gestão e Marketing Jurídico pela Verbo Jurídico.